quinta-feira, 14 de abril de 2016

O garoto das medalhas

Desde o ensino fundamental somos bombardeados com informações sobre o vestibular, ingressar na universidade e conquistar uma profissão. Muitas pessoas, desde crianças, já defendem algum tipo de atividade:
- Mãe, quero ser veterinária.
- Pai, quando eu crescer serei astronauta.

Não diferente desse processo, isso também aconteceu comigo. Como a maioria das pessoas, meu sonho era de ser médico. Mais precisamente pediatra.

Quando professores perguntavam na minha sala:
- Weiller, o que quer ser no futuro?
Eu respondia:
- Médico, professora.
Mas isso causava estranheza e muitos me desencorajavam afirmando que pra ser um médico eu teria que pagar um preço alto. Estudar muito, me dedicar além do que eu pudesse. E eu, inocente (coitado), nem ligava. Achava que era o rei da cocada preta.

Sempre estudei em escolas públicas. Da 1ª a 5ª estudei no Mº Ilan Rodrigues Jadão, que ficava próximo a minha casa. Na 5º série me escolheram para ser o presidente de sala (uma curiosidade: fui presidente de sala da 5º série ao 3º ano do ensino médio). No ano seguinte, o governo municipal fez algumas mudanças e fui obrigado a trocar de escola, indo para o José Cursino de Azevedo. Foi a melhor fase da minha vida, pelo menos no quesito escolar. Lá terminei o ensino fundamental e eles premiavam os alunos que se destacavam com medalhas e troféus para incentivar e reconhecer os melhores do ano. Até hoje guardo no meu guarda-roupa as minhas conquistas, todo ano ganhava. Está bem, Weiller... Não leio os teus textos para saber de sua vida. Calma, caro leitor... 

Todo esse processo que vivi nesses três anos me deu um gás (pseudo-gás) e fez com que acreditasse que eu realmente seria médico. Afinal, alguém que ganha medalhas na escola por ser um bom aluno entraria fácil numa universidade, não é mesmo? (era tão inocente. Devia ser a idade. Coitado). Só que as coisas não funcionam bem assim. A teoria está há 10 anos luz da prática.

Mas esqueci de algo principal, algo que mais jovem não teria como responder: eu realmente queria ser médico, seguir essa profissão e seria realizado profissionalmente? Hoje eu sei que a reposta é NÃO. Mas como lidar com essa situação toda? É bem difícil, algo até inevitável. São fases da vida que temos que viver para amadurecer.

No ensino médio me apaixonei por sociologia. Tinha uma professora maravilhosa. Hildonete, o nome dela. Muito inteligente, gostava de dialogar. Com isso, me interessei pelo curso de Direito. Depois de ler algumas coisas, meu desejo era de ser um promotor de justiça. Essa profissão me enchia os olhos. Tentei o vestibular, nada. Tentei bolsa em faculdade particular, nada também. Foi aí que percebi a dificuldade que é entrar numa universidade, ainda mais vindo de escola pública (POLÊMICA!).

Não tive aula de química no 1º ano. No 2º fiquei sem professor de matemática financeira. Quando cheguei no cursinho, desconhecia muita coisa. Tudo era diferente. Então, o garoto das medalhas se via como o garoto das dúvidas, dos questionamentos.
Não deixando me abalar pelas situações que vivia e, para não sair de Marabá, joguei a nota do Enem para o curso de Serviço Social, na Uniasselvi/Metropolitana e olha só... Em junho estou me formando, isso com 20 anos.

Ele queria Medicina, depois pensou em Direito e agora está concluindo Serviço Social. Já passou pra História, Engenharia Florestal, Farmácia, Biomedicina, Biologia. Ele é louco? Olha, colocando isso aqui eu até acredito ser um pouco perturbado. Mas isso não importa. Ninguém é obrigado a saber o que deseja ser quando se tornar adulto. A gente pode ir envelhecendo e conhecendo melhor as coisas, nossa verdadeira identidade.

Depois desse “Daily Blog” que é necessário? Não sei bem dizer... Mas o que quero dizer é que nem sempre as pessoas estão certas do que querem. Podemos tentar algo, às vezes até cair. O importante é seguir tentando e encontrar algo que traga felicidade e prazer.

“Avemaria, que clichezão”. Vai ser clichê sim.
 Precisamos de mais clichês em nossas vidas. 

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